Declaração de Política Geral
de
S. E. Sr. Jorge Lima Delgado Lopes
Ministro das Infraestruturas e Transporte
República do Cabo Verde
Quarta-feira, 20 de Março de 2002
Senhor Presidente,
Quero em meu nome e no da delegação que me acompanha,
felicitá-lo pela sua eleição à frente dos nossos trabalhos e pela forma
exemplar como os vem conduzindo. Quero também endereçar o mais vivo
reconhecimento às autoridades da Turquia, pela forma calorosa como nos acolheu
neste belo país e pelas facilidades postas à nossa disposição.
Senhor Presidente
Senhores delegados
Situado na costa ocidental africana, em pleno oceâno
atlântico, Cabo Verde é um país arquipélago, constituido por nove ilhas
habitadas com um total de 4033 Km2 de superfície e cerca de 450.000 habitantes.
A insularidade do país e o carácter montanhoso das ilhas
colocam sérios constrangimentos na sua infra-estruturação. Para permitir a
normal circulação de pessoas e bens é, por exemplo, necessário multiplicar
por nove, o número de portos e aeroportos e todas as outras infra-estruturas
básicas como de produção de energia, água, etc.
As telecomunicações não fogem a essa regra e grandes
esforços tem sido necessários, com vista a debelar os efeitos da insularidade.
A partir de uma empresa estatal de correios e telecomunicações, existente nos
anos 80, Cabo Verde possui hoje um operador histórico privado, com o monopólio
da rede fixa, por tempo limitado. Graças a um elevado nível de investimentos,
o operador desenvolveu nos últimos seis anos, uma vasta rede de infra-estruturas
básicas que proporcionaram índices de cobertura dos mais elevados da nossa
sub-região, com uma teledensidade de 14.1%.
A rede fixa é já totalmente digitalizada.
A rede móvel, instalada apenas em 1997, desenvolveu-se a um
ritmo acelerado, tendo já atingido um número equıvalente a metade dos
assinantes da rede fixa e uma cobertura de 7 telefones por cem habitantes.
A ligação entre as ilhas é feita por cabo sub-marino de
fibra óptica e a rede nacional está ligada à rede internacional de fibra
óptica Atlantis 2.
Toda a rede é fortemente securizada por conecções via
satélite.
Foi já atingido o objectivo fixado há quatro anos de
instalação de, pelo menos, um aparelho telefónico em todas as localidades e
comunidades rurais com 200 ou mais habitantes.
Não obstante os indicadores já referidos, registam-se ainda
assimetrias assinaláveis, entre o meio rural e os centros urbanos, tendo em
conta sobretudo o caracter arquipelágico do país, e sua natureza muito
montanhosa.
É contudo preocupante o desfasamento que existe entre o
desenvolvimento tecnológico em curso e a capacidade institucional de
acompanhamento, regulamentação e regulação do sector, que se encontra ainda
numa fase insipiente. A administração enfrenta ainda sérias dificuldades em
dar resposta às exigências que se colocam, designadamente na criação de
condições necessárias para a abertura à concorrência, particularmente nos
serviços de valor acrescentado, e no telefone móvel.
O acesso universal é um objectivo que, passa necessariamente
pela redução dos custos dos serviços o que, como foi já dito nesta
conferência, só é possível com uma concorrência efectiva e uma forte
actividade reguladora.
A Internet vem conhecendo alguma penetração, mas tem no
custo dos terminais o seu maior estrangulamento. Com vista a minimizar esta
situação, foi já fixada como meta para os próximos dois anos, a instalação
de pelo menos um telecentro em cada município, à semelhança do que foi feito
num município rural e que contou com a preciosa contribuição da UIT/BDT.
A condição de arquipélago e de um país de emigração,
conferem às novas Tecnologias de Informação e Comunicação um papel
relevante na unificação virtual do território nacional e na interacção com
o mundo exterior.
No entanto, a construção de uma socıedade de
ınformação não é uma mera questão tecnológıca, nem o resultado mágıco
e ımedıato das ınovaçöes da dıgıtalızação.
Deve ser, antes, uma oportunıdade hıstórıca para um salto
qualıtatıvo no plano da educação, da cultura e da formação dos cıdadãos,
ıncluındo aqueles que tem necessıdades especıaıs e
especıfıcas.
É poıs precıso assegurar a
democratıcıdade da socıedade de ınformação para que os
benefıcıos das novas formas de comunıcação cheguem a todos,
constıtuındo-se assım, numa nova forma de combater as
desıgualdades culturaıs, socıaıs e económıcas.
Os objectıvos de desenvolvımento da socıedade
de ınformação nos paıses menos desenvolvıdos, onde estamos
ıncluıdos, devem ser orıentados numa perspectıva de
facılıtação do acesso a servıços socıaıs
ındıspensaveıs como a saúde e a educação.
Senhor Presidente,
Esta é a modesta contribuição que a delegação de Cabo
Verde quiz trazer a nesta fase dos nossos trabalhos.
Agradeço à vossa atenção.
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